Há duas semanas, nós vimos dois pontos que nos mostram como somos orgulhosos, muitas vezes, sem nem perceber. Se você perdeu esse artigo, vá lê-lo agora antes de ler esse. Se você já leu, espero que esteja sendo desafiado e que a continuação da leitura o motive a pedir perdão e mudar suas atitudes, se necessário.
Sim! Eu posso
cantar isso aos domingos a noite, aconselhar as pessoas a fazerem isso e até
mesmo afirmar que confio, mas não é isso que minhas atitudes dizem. Se eu de fato confiasse em Deus, não
tentaria me apoiar no meu próprio entendimento (Pv 3.5,6). Minha falta de fé
naquilo que a Bíblia diz a respeito da obra de Cristo, de quem eu sou e da
transformação que ele opera, me faz viver uma vida muito mais de impiedade do
que de santidade. "Impiedade pode
ser definida como viver sem pensar - ou pensar pouco - em Deus, ou na vontade
de Deus, ou na glória de Deus, ou na dependência de Deus. Não é difícil notar
que a pessoa pode ter uma vida decente e ser ímpia, uma vez que Deus é
irrelevante no seu dia a dia." (pg 54 L.C.I). Muitas vezes me pego
tomando várias decisões em minha vida sem ao menos considerar o que Deus diz a
respeito daquilo. Isso demonstra em quem o meu coração está apoiado: em mim
mesma, nos meus próprios “achismos” e, até mesmo, no método da tentativa e
erro. Mas porque jogar vários dardos sem mira quando eu posso ter certeza de
que vou acertar? Porque acho que sei mais do que Deus. Porque acho que ele não
foi inteligente o bastante ao me deixar a Bíblia ao invés de um livreto que me
desse vontade de ler. Por que confio mais no que os outros dizem do que no que
Deus diz. Por que não gosto do que a Palavra de Deus diz a respeito desse
assunto. Por inúmeros motivos que demonstram que eu me preocupo mais comigo mesma do que em glorificar a Deus. E o
dardo fica grudado na parede de novo.
"Não seja sábio aos seus próprios olhos, tema o Senhor e evite o mal"
(Pv 3.7). Não ache que você sabe o que está fazendo. Lembro-me de uma amiga que
me procurou inúmeras vezes para falar da necessidade que ela tinha de ser amada
por um menino. Ela se apaixonava por vários rapazes, inclusive incrédulos, e
sempre estava com medo de ser magoada. Quando sugeri que buscássemos na Bíblia
o que Deus diz a respeito daquilo, ela demonstrou pouco interesse. Mesmo que eu
mostrasse para ela o que Deus esperava e como ele age em relação a isso, ela
continuava procurando desculpas e vendo em cada relacionamento uma
possibilidade de Deus a abençoar ou castigar. Hoje ela está em um
"relacionamento sem definição" com um descrente, pensando que essa
pode ser a vontade de Deus. Nosso orgulho muitas
vezes nos impede de confiar em Deus, de confiar que obedecer a Ele vai ser o
melhor mesmo que eu fique pra titia, mesmo que eu sofra ou mesmo que eu tenha
que sacrificar algo. "Deus resiste
aos soberbos, mas dá graça aos humildes" (Tg 4.6).
4. Importo-me mais com o que os outros pensam do que com o
que Deus pensa
Existem várias
formas de orgulho e eu, provavelmente, me encaixo em várias delas. Mas uma
delas que é bastante comum é o orgulho das realizações. Aquele tipo de orgulho
que te faz moldar suas atitudes de acordo com o quanto de elogio você poderá
receber, te levando a pensar que você é o grande responsável pelas realizações
e projetos bem-sucedidos.
"Dois princípios encontrados na Bíblia nos
ajudarão a evitar o desejo pecaminoso de ser elogiado. Primeiro, vamos nos
lembrar das palavras de Jesus em Lucas 17.10: ‘Assim também vós, quando fizerdes
tudo o que vos for ordenado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que
devíamos fazer.’ Quando realizarmos bem uma tarefa ou tivermos servido
fielmente por um longo tempo, nossa atitude deve ser esta: ‘Só cumpri a minha
obrigação’."[1]
Provérbios 29.25
é um fato! "Quem teme a homens arma
ciladas, mas quem confia no Senhor está seguro". Talvez seja estranho
pensar que ter orgulho das realizações pode levar ao temor às pessoas, mas às
vezes os dois andam intimamente ligados. Muitas vezes, o orgulho vem daquilo
que esperamos dos outros diante das coisas "boas" que fazemos, assim,
passamos a agir em busca de aprovação, e essa aprovação leva ao orgulho,
pensando que os aplausos que recebemos são frutos da nossa própria capacidade.
Dessa forma, aquilo que fazemos não é determinado pelo que Deus vai pensar de
nós, mas no que as pessoas irão pensar. "Seu foco egoísta a força a pensar quase que exclusivamente em si mesma.
Ela está preocupada (se não consumida) com estabelecer e manter sua própria reputação.
Seu coração anseia tanto ser mantido em alta estima pelas pessoas (e ouvir seus
elogios) que sobra pouco espaço para nutrir pensamentos sobre o que ela poderia
fazer para conseguir o louvor de Deus" [2].
Quando vivemos para agradar
aos outros, viramos escravos das pessoas. Tornamo-nos pessoas inseguras e
instáveis, enquanto a nossa confiança deveria repousar em Deus. Somos como
sepulcros caiados (sepultura ornamentada, mas podre por dentro): "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes
aos sepulcros caiados, que por fora realmente se parecem formosos, mas interiormente
estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia" (Mt 23.27). Somos como
uma drag queen, que por detrás de
toda a ornamentação e maquiagem se descobre completamente diferente do que
parece. COMPLETAMENTE. Eu sou imunda por dentro, e você? A esperança é que
Cristo nos lava todos os dias e, como um demaquilante, tira toda maquiagem que
colocamos para fingir que somos algo que não somos. Você não precisa fingir ser
a pessoa boa que você deseja ser, por que você nunca vai ser: "E ele disse-lhe: Porque me chamas bom? Não
há bom senão um só, que é Deus" (Mt 19.17). Se for se orgulhar, não se
orgulhe do que você faz, se orgulhe de ter a Cristo.
Muitas vezes, nos esquecemos
de que somos apenas coadjuvantes na história, e que o papel principal é de
Cristo. Precisamos entender que nosso orgulho ofende, não só as pessoas, mas a
Deus. É preciso não só deixar o orgulho, mas nos tornarmos pessoas humildes:
"Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa
mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele
toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1Pe 5.6-7).
Quando nos humilhamos perante Deus e reconhecemos nosso pecado, a Bíblia nos afirma
que Ele não só nos perdoa como nos transforma. "Portanto, pelos seus frutos os conhecereis" (Mt 7.20). Assim,
quando nos arrependemos genuinamente, nossas atitudes atestam nossa mudança. E
essa mudança não é mais para que os outros nos vejam com bons olhos, mas é
consequência de um coração que teme a Deus. "Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se
corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa
mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira
justiça e santidade" (Ef 4.22-24).
Para nós, orgulhosos de
plantão, sabemos que nosso alvo deve ser buscar a humildade. "Isso porque a essência da humildade
resultante do evangelho não é pensar em mim mesmo como se eu fosse mais, nem
pensar em mim mesmo como se fosse menos; é pensar menos em mim mesmo. A
humildade do evangelho mata a necessidade que tenho de pensar em mim. Não
preciso mais ligar as coisas à minha pessoa" [3]. Quando nos esquecermos de
pensar em nós mesmos e passarmos a pensar em Deus e nos outros, saberemos que
estamos no rumo certo.
Artigos Relacionados:
[1] Idem, p. 92
[2] PRIOLO, Lou. O Desejo de Agradar Outros, p. 33
[3] KELLER, Timothy. Ego Transformado, p. 34.
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