- Vou te trocar pelo “fulano de tal”, ele é um amigo mais legal do que você.
- Não precisa mostrar
pra todo mundo que você é burro, guarda isso pra você.
- Até parece que você
é tão espontâneo assim.
Você e eu podemos ter
ouvido frases como essas, ou talvez, de forma diferenciada, podemos ter dito
essas coisas. São as conhecidas “brincadeirinhas”, ou aquelas palavras ditas “da
boca para fora”.
Eu queria te falar o
quanto esse tipo de comentário já foi destrutivo em minha vida. O quanto me
irei, chorei, me decepcionei. Por mais que a pessoa dissesse que aquilo não
passava de uma brincadeira, minha sensibilidade me dizia que havia algo errado
com essa forma de conversa. Em uma era onde as pessoas ouvem muito sobre
bullying as mentirinhas brancas são assimiladas como bobeirinhas, ou algo que
podemos facilmente relevar. Tanto para quem fala, quanto para quem recebe tais palavras.
É aquela famosa regra: não é nada, é só uma brincadeira, não é para levar a sério...
Mas eu percebia o quanto queria acreditar em tais mentiras. Eu queria saber o
motivo que levava a pessoa a brincar comigo daquela forma, porque as
estatísticas confirmavam que quem fazia isso geralmente era alguém próximo a
mim. O nível de intimidade aparentemente tornava a situação plausível de
“pequenas mentiras”.
Não estou dizendo que
nunca fiz isso. Pelo contrário, já usei dessas oportunidades para falar o que
eu realmente pensava, sem que isso parecesse ofensivo. Afinal, era apenas uma
brincadeirinha. Mas confesso que essa é uma dificuldade que enfrento como
cristã. Entender o motivo por trás de tais afirmações disfarçadas, por mais que
realmente elas fossem falsas, tornava minha mente cativa de tais mentiras. Eu
começava a crer que tal pessoa não me amava realmente, ou que eu estava feia. E
como se não fosse o bastante, eu revidava, pensando que a pessoa também poderia
se ferir tanto quanto eu. O que eu não entendia é que cada pessoa possui uma
forma diferente de lidar com as situações.
O que eu não entendia
é que isso é um pecado.
Em seu livro “Pecados Intocáveis”, Jerry Bridges diz o
seguinte: “qualquer conversa que humilhe
alguém – seja a pessoa de quem ou com quem estamos falando – é um pecado da
língua.”[1].
Isso inclui uma série de outros pecados da língua, mas vamos nos manter
nesse. Em provérbios, temos exatamente a comparação que estamos falando:
“O louco que
atira com uma arma mortal causa tanto estrago quanto quem mente para um amigo e
depois diz: Eu só estava brincando.” Pv 26.18,19
As formas como o pecado ocupa o
nosso coração são as mais diversas. Mas vemos que as consequências são
praticamente as mesmas. Qualquer forma de pecado em nossas vida gera
destruição. Seja para nós mesmos, ou pra outros. Para resumo de conversa, a
nossa língua possui um poder que muitas vezes esquecemos. Ela pode semear amor,
paz, felicidade, ou trazer falsidade, tristeza, brigas. Pense no seguinte, Deus
criou o universo com a sua voz. Ele disse: “Haja Luz”, e houve luz. O criador
do universo não fica divagando entre: “haja
um carro esporte, ou melhor, haja um fusca, ops, espere, era só uma
brincadeira, não haja mais nada”. Ele não muda de ideia acerca das palavras
que ele profere. Ele não é um Deus de falsidade, de meias palavras, de
brincadeiras. Ele prometeu que enviaria
um salvador e enviou. E então como nós lidamos com as palavras que saem de
nossa boca?
Pensamos que as fórmulas da vida
se resumem ao que aprendemos em física, química, matemática. Mas vamos
relembrar uma das regras de ouro da vida cristã:
DRR
Despojar-se, ou tirar as vestes
sujas, quantas vezes forem necessárias. Renovar-se em nosso entendimento, ou
seja, assimilar que realmente algo estava errado, e que a mudança se faz
necessária. E por fim, revestir-se do novo homem criado em Deus, aquele que
anda em conformidade com o criador. Aquele que não toma mentiras por
brincadeiras. Aquele que procura estar em verdade, por entender o quanto uma
palavra que pareça simples pode vir a destruir uma vida. O legal é que
realmente a primeira advertência após ser dada a fórmula do DRR foi exatamente
essa: “deixem a mentira e falem somente a verdade” (Efésios 4.25).
As brincadeirinhas podem parecer
inofensivas, mas elas abrem sombras no coração tanto de quem as profere quanto
de quem as ouve. Portanto, faço das palavras do salmista o desejo de meu
coração:
“As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam
agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” – Salmos 19.14
Por mais que uma brincadeirinha
pareça tentadora, “a vossa palavra seja
sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada
um – Colossenses 4.6”. Peça ajuda de Deus para ser divertido sem correr o
risco de trazer dessabor as pessoas com as quais você convive. Saiba também
reconhecer quando pessoas vieram a pecar contra você nesse sentido, e entregue
aquelas palavras à Deus. Não tome a mentira para si, mas quebre-a com a palavra
da verdade.
Que possamos glorificar a Deus
com nosso modo de falar.
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- pode discordar, mas com educação