Aeroporto de Assunção. Eu e mais quatro colegas do seminário havíamos passado três semanas no Paraguai servindo em uma igreja local com jovens, evangelismo, ensino e muitas outras coisas. Havíamos sido marcados de maneira muito profunda em nosso tempo ali. Havíamos feito amizades que durariam por muito tempo. Havíamos aprendido muito com a família do pastor. E agora, tudo se encerrava.
Lembro-me de alguns do nosso grupo chorando, lembro-me de alguns
jovens da igreja chorando junto. Lembro-me do carinho da família pastoral ao se
despedir de nós e a certeza que estávamos deixando algo ali e levando muito em
nossos
corações. Mas lembro-me também que foi somente no Brasil, quando já separado
dos amigos e no ônibus que ia de São Paulo para minha região no interior, que o
coração doeu e as lágrimas vieram. Aquele tempo tão especial, onde vimos Deus
agindo tantas vezes de forma tão próxima e surpreendente, havia acabado.
Infelizmente, nessa vida nada é infinito. Relacionamentos têm fim, amizades têm fim, famílias têm fim. Seja através da morte, seja através de distância, nossa vida
é composta de etapas, de fins, de despedidas.
Sendo assim, o tempo todo somos atingidos pela tristeza de coisas e
situações que ficam para trás e nos trazem uma enorme sensação de vazio e
insegurança. Gostaria então de pontuar algumas formas de enfrentar os finais da
nossa vida ao ponto de conseguirmos até enxergá-los como algo bom.
Os fins nos
mostram que precisamos da eternidade
A sensação de que algo bom acabou e que nunca mais voltará nos leva a um vazio difícil de lidar. Grandes
experiências, grandes conquistas, no exato momento em que se encerram, e
voltamos à naturalidade de nossa rotina nos causam a sensação de que aquilo que
deu sentido às nossas vidas por determinado tempo já não serve mais para isso,
precisamos de outra experiência, relacionamentos,qualquer coisa que volte a
tornar nossa vida vibrante.
Exemplos disso não faltam. Quem não assistiu a trilogia do Senhor
dos Anéis e após a última cena não teve a sensação de frustração por voltar à
realidade (algo que provavelmente percebemos nos próprios personagens)? As idas
e vindas das personagens das Crônicas de Nárnia entre o mundo real e o lugar
encantado sempre são cheias de desapontamento quando retornam para a rotina em
nosso mundo. Na Bíblia vemos o profeta Elias como exemplo. Depois de uma das
mais espetaculares vitórias registradas diante do povo de Israel, fogo caindo
do céu, o rei envergonhado, Elias volta para sua vida solitária e se vê em uma
depressão tão profunda que expressa ao Senhor o desejo de morrer (1 Reis 19.4).
Tudo isso nos faz perceber o quanto nossa vida aqui é limitada a
momentos e experiências que logo nos deixarão tristes, se não formos bem balizados pelo
que veremos no decorrer desse texto. Percebemos também o quanto precisamos de
algo que seja eterno, inabalável, que nos dê a certeza de uma satisfação que
não vai passar ou acabar. Amigos, se não tivéssemos a esperança da vida eterna,
estaríamos fadados a fins e mais fins nessa vida, sem a certeza de algo que nos
deixe felizes permanentemente.
O Rei Salomão deixou escritas estas incríveis palavras:
“Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração
do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender
inteiramente o que Deus fez”. (Eclesiastes 3:11)
Salomão nos mostra que realmente
Deus colocou em nosso coração um anseio, a necessidade pelo eterno. C.S. Lewis
certa vez escreveu: “Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma experiência
desse mundo possa satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito
para um outro mundo..”
Fomos feitos para algo mais,
fomos feitos para algo que não tem fim. A finitude das coisas dessa vida nos
mostra que precisamos de algo que dure para sempre.
Escolher bem meus começos
influencia como serão os meus fins
Já que nossa vida é curta, cheia
de finais e coisas passageiras, precisamos escolher muito bem o que vamos
começar, onde vamos estar, e com quem iremos passar nossas experiências.
Escolhas erradas provavelmente
nos levarão a finais que nos machucarão muito mais. Moisés, ao escrever um
salmo muito belo, disse o seguinte:
“Ajuda-nos a
entender como a vida é breve, para que vivamos com sabedoria”
(Salmo 90.12)
(Salmo 90.12)
Quando percebermos que realmente
tudo é passageiro, vamos prestar muito mais atenção àquilo que escolhemos
fazer.
Podemos desde hoje, agora, viver
eternamente, investindo naquilo que é eterno, que durará para sempre e nunca
nos entristecerá com fins.
“Mantenham o
pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas.
Pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória”.
(Colossenses 3:2-4)
Pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória”.
(Colossenses 3:2-4)
“Portanto, amados,
enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em
paz, imaculados e inculpáveis”.
(2 Pedro 3:14)
(2 Pedro 3:14)
Os fins se
tornam meios quando são permeados por Cristo
A última verdade que precisamos ter em mente, e creio eu ser a mais
importante, é que nada é finito quando estamos investindo em Cristo. Ao
permearmos nossos momentos, escolhas e relacionamentos com Jesus, sabemos que o
que geraremos ali durará para sempre.
Se percebemos que precisamos de algo que seja eterno, que não
falhe, não mude e nos satisfaça para sempre, esse algo é o próprio Senhor
Jesus. Se também percebemos que tudo nessa vida é breve e precisamos escolher
bem, podemos desde hoje, experimentarmos o que teremos na eternidade,
escolhendo fazer tudo com e para o Senhor Jesus.
“Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”
(João 17.3)
(João 17.3)
Quando nosso foco não são as experiências em si, os relacionamentos
em si, mas agradar a Jesus e honrá-lo, o sentimento de vazio diante dos finais
que passamos, é mais do que preenchido por seu amor e presença. Nele nunca
perdemos o sentido de nossa vida, nunca precisaremos de “algo mais”, pois já temos
tudo em Cristo. As experiências, pessoas, lugares, passam, mas Cristo sempre estará conosco,
e ele sim, estará sempre ali, inabalável e constante com uma fonte inesgotável
de sentido, satisfação, de vida.
“Mas quem beber da água que eu lhe der nunca
mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte
de água a jorrar para a vida eterna".
(João 4:14)
(João 4:14)
Nossos fins nunca serão finais absolutos se os estivermos passando
com Jesus, serão etapas em direção ao nosso objetivo de estar com ele.
Escrevo esse artigo e reflito muito sobre isso. Depois de 2 anos
estou terminando meu tempo servindo na igreja em Eldorado. Deixando para trás
grandes amigos, experiências, uma congregação muito amável e um grupo de
adolescentes dos quais sempre vou me lembrar, sabendo que apesar da despedida,
Jesus continuará agindo neles e também em mim.
Está passando por algum final em sua vida? Está começando algo novo
com o início do ano? Olhe para Jesus, busque-o. Envolva-o em suas decisões,
sentimentos e preocupações, e veja alguém que estará sempre ali, como uma
segurança inabalável, que jamais o frustrará.
“Prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio
do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”.
Filipenses 3:14
Filipenses 3:14
Autor: Maximiliano de Oliveira Richter. Bacharel em Teologia pelo
Seminário Bíblico Palavra da Vida, com Especialização em Aconselhamento
Bíblico. Atualmente é Pastor - Dirigente da Igreja Batista Ebenézer em
Registro, SP
Revisado e corrigido por Esther Ehlert
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